quarta-feira, 21 de maio de 2008

Do suicídio

(Imagem retirada da net)


Existem pessoas que perante as calamidades da vida empregam o remédio fatal, o suicídio. É uma espécie de morte que propuseram a si próprios, raramente se aventuram a procurar outra solução , conseguindo reunir tanta determinação, de modo a executar o seu propósito. O nosso horror à morte é tão grande que, quando esta se apresenta a um homem sob qualquer forma que não aquela com a qual ele se esforçou por reconciliar a sua imaginação, esta adquire novos terrores e supera a sua débil coragem. Por isso o homem deambula entre dois pensamentos, por um lado o medo da morte; por outro, a vontade de acabar com a sua própria vida. Mas, quando olhamos para o que diz a religião logo vemos o poder surpreendente que esta tem, privando os homens de todo o poder sobre as suas vidas, pois afirma que a morte, ou o poder de decidir entre a vida e a morte só pertence a Deus e não ao homem. Isto é válido para o suicídio como para questões tão importantes como a eutanásia, que tem feito correr muita tinta pelos tribunais mundiais. Vamos examinar todos os argumentos comuns contra o suicídio e mostrando, de acordo com as opiniões de todos os filósofos antigos, que essa acção pode estar livre de qualquer imputação de culpa ou censura. Se o suicídio é um crime, tem de ser uma transgressão do nosso dever em relação a Deus, aos nossos semelhantes ou a nós próprios. De modo a provar que o suicídio não é qualquer transgressão do nosso dever em relação a Deus, as seguintes considerações talvez sejam suficientes. (Adaptação do texto de David Hume, Do suicídio)

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