domingo, 1 de junho de 2008

KIERKGAARD - O Estádio Ético



(Desenho retirado da net - anakawaiii)

O homem ético é orientado pelo princípio do dever. Ao contrário do homem estético, não pretende estar “além do bem e do mal”. Não quer ser excepção, deseja sentir-se integrado na sociedade em que vive, respeitar as normas e os padrões comuns: reconhece como sua a moral comum porque o mais importante para ele é sentir-se ligado aos outros homens. O homem ético constrói a sua identidade, identificando-se com as normas ou princípios com os quais a maioria dos homens se identifica. O estádio ético implica a renúncia às atracções passageiras, aos caprichos do impulso sensual, aos interesses egoístas e aos devaneios da fantasia. Viver de forma ética não é fácil e, por vezes, enormes sacrifícios são exigidos.
O protótipo ou o modelo do homem ético é o do homem que aceita o compromisso do casamento. Para Kierkegaard, o homem casado é aquele que realiza uma escolha e que pretende fazer dessa opção uma escolha definitiva, transformando o amor presente em amor de toda uma vida. Escolheu um caminho – cumprir o dever de respeitar o compromisso assumido com quem casou e satisfazer as expectativas da sociedade e da moral estabelecida no que respeita à criação e educação dos filhos. Para o homem casado, é essa a opção fundamental da sua vida, aquilo que lhe dá sentido.
“O hábito, o indefectível hábito, a cruel monotonia, a sempiterna uniformidade, faz da vida doméstica e conjugal um insuportável marasmo.”
Ao frenesim da vida estética o homem ético prefere a estabilidade e, em muitos casos, opta pelo casamento como amor livremente escolhido e baseado no dever. Pretende essa escolha como absoluta e definitiva, mas o objecto da sua escolha nada tem de absoluto, é finito. No plano das relações e das coisas humanas, tudo tem o seu tempo, tudo é precário e imperfeito. Para Kierkegaard, nada há neste mundo que satisfaça o desejo humano de absoluto ou que possa ser objecto de uma dedicação absoluta. A vida estética e a vida ética nada mais são do que falsos substitutos do sentido último da vida humana. A desenfreada procura do prazer e a dedicação empenhada às normas morais socialmente aceites e transmitidas são máscaras que escondem o homem da verdade sobre si mesmo.

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